Brasileiros desistem de buscar emprego durante pandemia

Quase 20 milhões de pessoas deixaram de buscar oportunidades durante a pandemia do coronavírus

A chegada da pandemia de Coronavírus suscitou distanciamento sem precedentes, na sociedade brasileira, que resultou em perda de empregos. Agora, mesmo com a flexibilização do forçado distanciamento social, grande parte da população brasileira não está motivada para sair do lar em busca de emprego, devido ao temor do contágio.

Segundo os dados publicados pela Pnad Covid, na última nesta sexta, no IBGE, em torno de 18,6 milhões de cidadãos desejariam voltar ao trabalho, porém, se sentem inseguros devido ao risco que a pandemia ainda oferece, ou, pela ausência de vagas nos municípios ondem residem. Essa estatística está sendo registrada desde a terceira semana do mês de julho.

Este percentual chama muito a atenção, por apresentar estabilidade pela terceira semana consecutiva. Estabilidade também foi registrada por meio de comparação com a primeira semana do mês de maio, que constituiu o cume do isolamento social e quando a primeira edição desta pesquisa foi divulgada. A parcela da população que justificava a presença da pandemia, ou falta de oportunidades de emprego, para não sair de casa e buscar trabalho estava diminuindo, entretanto, esse processo começou a se inverter depois dos registros de aumento de contaminações primeira semana do mês de julho. Desde então, essa situação, estatisticamente, está estável. Parece que estagnou.

Especialistas indicam a hipótese de que grande parte dos cidadãos aleguem mais falta de oportunidades de emprego do que a presença da pandemia, como desmotivação para sair de casa. O cômputo perpetrado pelo IBGE, entretanto, ainda não permite uma verificação mais profunda dessa diferença entre as duas justificativas.

Mas, de outro lado, foi registrada estabilização na quantidade de cidadãos desempregados na semana, o que deixa claro a falta de procura por trabalho. Deste modo, o grau de desocupação permaneceu estável, na escala de 13,1%.

De acordo com a metodologia empregada pelo IBGE, pode ser considerado desempregado somente o indivíduo que efetivamente procura emprego e não encontra nenhuma oportunidade. As pessoas que desistem ou evitam por um tempo ir atrás de trabalho, dentro desse período abrangido pela pesquisa, não devem ser validados nos padrões da estatística. Atualmente, no Brasil, o registro é de 12,3 milhões de brasileiros oficialmente desempregados.

Conforme os resultados obtidos por uma das pesquisadoras do Ipea, alguns fatores estão contribuindo para essa situação, entre eles: o pagamento e extensão das parcelas do auxílio emergencial e de seguro-desemprego, que constituem certa garantia para muitas famílias, sejam carentes ou não, dentro da fragilização desta economia. O receio do contágio ajuda a suspender a busca por empregos, mas, agora, não é o fator principal.

Ao longo das últimas semanas, o fenômeno alarmante que está sendo observado é a redução da quantidade de cidadãos trabalhando. Mas, desde a terceira semana do mês de julho, cerca de 860 mil pessoas saíram dessa condição, grande parte já retornou à ocupação.

A partir do mês de maio, foi registrado o seguinte: mais de 10 milhões de profissionais já não estavam mais afastados de seus empregos. Uma boa parte desse mesmo grupo retornou ao trabalho, já que a condições proporcionadas pela flexibilização das medidas de isolamento garantiu maior segurança no ambiente laboral, para que a economia possa continuar a exercer sua função.

Outra parte do grupo terminou ganhando demissão, o que acarretou novas buscas por trabalho ou desistência temporária de recolocação no mercado durante a essa pandemia. É importante observar que o isolamento gerou depressão em uma parcela da população, e isso pode ter reflexo nas motivações para as ocupações rentáveis.

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